O Postepay pode ser uma solução para quem vai viajar para a Itália. Ideal para quem pretende ficar lá por tempo indeterminado e não sabe onde guardar uma quantidade de dinheiro por algum tempo. Seja por vários dias, semanas e, talvez, meses.
Vamos imaginar que você deseja ficar os 3 meses viajando pela Itália somente ou, melhor, você decidiu morar na Itália. Mas, ainda vai precisar procurar um emprego. Falar e compreender bem o italiano vai te ajudar a conseguir um trabalho mais rápido. Claro que, para quem tem cidadania italiana ou europeia, essa tarefa pode ser mais fácil. Não que seja exatamente fácil, a situação italiana é melhor do que aqui, apesar da crise mundial. Entretanto, vai depender muito do que você faz, da concorrência e disponibilidade de emprego.
Então, nessa nossa hipótese, você juntou dinheiro por algum tempo e, por 3 meses resolveu arriscar sair do Brasil. Avaliou os custos e conseguiu uma taxa muito baixa quando foi trocar o seu real pelo euro, devido à oscilação cambial atual. Vamos imaginar ainda que, você já está hospedagem reservada e paga para os 3 meses. Esse dinheiro servirá para que você gaste com o seu dia-a-dia: transportes, alimentação, etc.
Não pretendemos chegar neste post ao cálculo de quanto é preciso para viver na Itália, esse é assunto para um outro post. Mas, levando em conta que uns gastam mais e outros gastam menos, acreditamos que o valor de 50 euros/dia seja um padrão acima do médio (uma segurança a mais é sempre bom).
Já li alguns artigos sobre o custo de vida na Itália. O salário mínimo italiano (o valor mais baixo é pago nas regiões do sul da Itália), em comparação ao do Brasil, tem um ganho percentual maior se compararmos o custo de vida daqui e de lá. Assim como aqui, grandes cidades como Roma, Milão, Nápoles, Turim, Palermo e Gênova possuem um custo de vida mais elevado, principalmente em relação à moradia, ao contrário das cidades menores. No entanto, se você planejou viver 3 meses lá para procurar emprego, almoçar e jantar fora elevam os gastos diários. Desta forma, o melhor é comprar os alimentos no mercado e preparar suas próprias refeições em casa. Em relação aos transportes, o ideal é comprar passes semanais ou até mensais, dependendo da disponibilidade do local em que for ficar.
Mas, aonde queremos chegar? Imagina você com todo esse dinheiro “vivo”, carregando por um lado ou outro ou deixando em um quarto da sua hospedagem? Claro que, os índices de criminalidade lá fora são bem menores do que os daqui, mas, mesmo que mínimos, eles existem. Na Europa, principalmente em grandes aglomerações, é possível ter batedores de carteira. Ok, mas e o Travel Card e o cartão de crédito não dão maior segurança? Sim, mas para esses cartões você ainda paga 6,38% de IOF. Significa que a cada €100 gastos, € 6,38 vão para o governo brasileiro, suficiente para comer uma pizza na Itália.
No entanto, o dinheiro em espécie possui uma taxação menor de IOF¹ em 1,1%, que já é descontado quando você compra ele na casa de câmbio, o que já é uma grande vantagem. Se você levou €5000 em espécie com você para a Itália, vai economizar 300 euros se tivesse levado essa quantia só no travel card. Não esquecendo que, se você for sair do Brasil com quantia em espécie a partir de R$ 10.000,00 (dez mil reais) ou equivalente em outra moeda, você deve declarar o valor na receita federal, antes de sair do Brasil (veja mais no final do post).
Postepay — cartão de débito para quem não tem conta corrente na Itália
Bom, se você ainda não conseguiu seu emprego, ainda não tem sua conta-salário, que é aberta pelo empregador quando você é contratado e dá direito a um cartão de débito (carta bancomat). Dessa forma, ainda não pode ter uma conta corrente, pois não tem como comprovar sua renda. Uma solução segura para esse problema é o PostePay. Um cartão pré-pago oferecido pela Posta Italiana, que é o serviço de correios da Itália.
O PostePay é recarregável, no entanto, você só pode carregar, no máximo, 3000 euros por vez. Cada vez que carregar, você paga a taxa de 1 euro. Seja carregando 1 ou carregando 3000 euros, você paga 1 euro. Apesar de não guardar todo o seu dinheiro, já é alguma segurança. Pelo menos, você fica com algum dinheiro em mãos, para os casos que não aceitem cartão. Para saques no cartão, você também paga 1 euro, se sacar em caixas eletrônicos (também conhecidos por bancomat) localizados nas agências da Posta Italiana. Paga 1,75 euro se sacar nos caixas eletrônicos de bancos italianos ou em bancos dentro da zona do euro. Por fim, 5 euros, para cada saque realizado em bancos fora da zona do euro. Isso se você precisar sacar.
O PostePay não é um cartão nominal, ele possui um número, a data de validade e um número de segurança para transações online, localizado na parte de trás. Com ele, além de realizar suas gastos no dia-a-dia, ainda é possível realizar compras online como passagens de trem, avião, lojas diversas, sem gastar mais nenhuma taxa por isso, além dos 1,1% de IOF¹ já pagos na hora de trocar o real.
Como solicitar o PostePay
Antes de solicitar o PostePay, você deve ter o seu codice fiscale. Ele é como o CPF aqui no Brasil e funciona como um documento que identifica o cidadão em suas relações de natureza fiscal, administrativa e com as autoridades públicas. Qualquer pessoa pode pedir gratuitamente o codice fiscale, mesmo que não tenha o Permesso di Soggiorno², que é um documento para permanência legal do estrangeiro na Itália por um período superior aos 90 dias do visto de turista. Para obtê-lo, basta comparecer a uma Agenzia delle Entrate, levando o passaporte. Desta forma, mesmo que vá ficar menos de 3 meses e retornar ao Brasil, é possível fazer. Você pode consultar a Agenzia delle Estate mais próxima clicando aqui.
Com o codice fiscale em mãos, você pode comparecer a uma agência mais próxima da Posta Italiana. Você deve apresentá-lo junto com um documento de identificação, que pode ser o passaporte brasileiro ou a carta d’identità italiana, se tiver. O custo do cartão é de 5 euros e você só paga uma vez.
Ao receber seu cartão você deve ativá-lo. Ligue para os números 800-90-21-22 (0800 válido somente na Itália) ou +39 049-21-00-149 (se estiver fora da Itália). Informe o número do cartão e o código de ativação. Além disso, usando o PostePay você pode se beneficiar dos diversos descontos nos parceiros do programa.
Como recarregar seu PostePay
A recarga deve ser feita nas agências da Posta Italiana. Preencha o formulário de solicitação e informe sobrenome e nome, o número do cartão e o nome do titular. Você deve informar também o valor de recarga, o tipo de documento apresentado e o número.
O PostePay é ideal para quem vai ficar na Itália por tempo indeterminado. Mas, também serve para quem vai ficar por pouco tempo, mesmo que por uma semana. Por exemplo, mas você pode utilizá-lo até a data de validade. O PostePay é válido por até 4 anos e você pode retornar para a Itália durante esse período e utilizá-lo. Para solicitar um novo, basta comparecer a qualquer Posta Italiana para realizar a troca gratuitamente.
O cartão possui tecnologia Contactless, onde basta encostar o cartão na máquina para realizar o pagamento. Além disso, é possível ter o controle total através do aplicativo App PostePay. Nele é possível ver o saldo e o extrato do seu cartão, realizar uma recarga de celular e recarregar o próprio PostePay, utilizando o cartão de crédito. Mas, se o seu cartão de crédito foi emitido no Brasil, você paga 6,38% de IOF, o que já não vale apena.
Como declarar o dinheiro antes de sair do país
Se levar dinheiro em espécie acima de R$ 10.000,00 (dez mil reais), vai ter que declarar. Acesse o site da receita federal e emita a e-DBV (Declaração Eletrônica de Bens do Viajante). Basta clicar em nova declaração e responder ao questionário. Após o término, imprima a declaração. No dia da viagem, vá até a Receita Federal dentro do aeroporto. Leve o passaporte e a passagem, além da declaração impressa.
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¹O IOF, que incide sobre compra de moeda estrangeira, em 3 de maio de 2016, passou de 0,38% para 1,1% — Atualização 29/07/2016 09:15
²A leitora do blog, Eliane nos informou que, pelo menos em Roma, estão dificultando a obtenção do codice fiscale. Isso acontece em casos onde não apresenta um Permesso di Soggiorno. No entanto, o codice fiscale também pode ser obtido nos consulados. Quem solicita, irá passar por todo um questionário antes de receber. Provavelmente, essas perguntas fazem parte de tentativas de bloquear a imigração ilegal. O consulado brasileiro em Roma fica na Piazza di Pasquino, 8, próxima a Piazza Navona.